terça-feira, 26 de julho de 2011

Meu sertão e suas veredinhas

Sempre meio distraído, acabo não percebendo as curvas erradas que fiz logo ali há uns três meses. Por sorte, esbarro em poetas que não se sabem poetas. Eles acabam me guiando pelos seus versos-palavras-conselhos e eu volto para a velha estrada larga de terra. O problema é que as veredas escondem tantos caminhos de mim mesmo. Não gosto dessa estrada larga e segura, ou até gosto, mas não esqueço as possibilidades daquela, opa! essa nova vereda na qual tropeço. Como tem buracos, penso! E essas árvores que não conheço. Elas com seus frutos de descoberta me apavoram o caminho e novamente me inspiram. Mais uma vez me vejo perdido, mas o som dos ecos das vozes amigas e dos escritores de meus dias são uma setinha vermelha apontando para a velha estrada larga e segura. De repente, sinto saudade dos buracos e penso naquelas frutas-possibilidade. _Meu filho, não olhe para os lados! _Calma, mãe, teu menino é meio super homem com criptonita de monotonia. _Ele precisa dos buracos, pedras e possibilidades. Meus pés cansados renascem nos dias mais ressaca, nos dias mais dor, torpor e angústia. Calço botas de um guerrilheiro acostumado com a falta de caminhos prontos. Sempre alumbrado, vou olhando para o céu, pensando que o vento e as estradas nem sempre me levam para a minha atípica felicidade clandestina.

                                                                                                                                     Flávio Arruda

Sorriso aberto e olhos estreitos é assim que lembro dela

Sua presença repentina em minha vida foi tão simpática
tão repentina quanto um momento de alumbramento.
Deste então, o sentimento de
paz
chocolate
cerveja
soneca
sobremesa
me vem ao espírito num simples pensamento
        palavra lida ou ouvida
        imagem real ou virtual


Ela é tão etérea
tão distante
e no mesmo momento
tão chão
numa onipresença de quem se sabe viva em minha cabeça.


Agora me resta dormir...
             
                        e lembrar...




                                       da presença-ausência dela....



Flávio Arruda

Tomando conhaque e olhando para a lua (I)*


        Gosto dos olhos das pessoas que refletem os meus. A droga toda é que meus olhos também mentem (como todo humano olho), e podem se encontrar em situação arriscada de instabilidade emocional alheia.
        Geralmente é assim que perco amigos. Quando seus olhos-olhares-palavras escondem sentimentos de uma armadilha não planejada, que terminam com o futuro das relações desejadas.
       Fecho os olhos para eles porque sinto como se a cor houvesse mudado de algo brilhante para um opaco medo refletido nos meus. Mesmo assim, há certos dias que acordo com vontade de acreditar no antigo reflexo de minha esperança nos outros.


*O título (óbvio) eu pesquei em "Poema de sete faces", de Drummond**

** Aprende aí a citar as fontes, Paulo Coelho!




Flávio Arruda