segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Posse

possuo o que me possui
não, não posso
não passo de objeto
de desejo
de beijos
de lampejos de ilusão

não sou dono
mas não abandono o desejo de ser

que posso dizer
do meu querer
sem poder
sem perder o egoísmo
da posse
mas de repente
me percebo objeto
dileto
desperto
num sonho prisão

"Angústia de felicidade", Ana C. diria
eu repito e acrescento o acento de uma felicidade clandestina
íntima satisfação
loucura e desejo
arrependimento e vontade

se possuo, não sei
se sou objeto, talvez
sei que vivo o eterno instante
caminhando entre nuvens
correndo sobre o fogo
dormindo para sonhar de novo.

(Flávio Arruda)

2 Comentários:

Às 12 de janeiro de 2011 às 07:58 , Blogger Ariana Fernandes disse...

Como sempre, muito bom o texto.
Amor não é posse, é companhia.

 
Às 23 de janeiro de 2011 às 08:30 , Blogger Rennaly disse...

Pensei na dualidade das situações. Mas nós somos muito mais que duais. Somos mil, ora objeto ou não.
Na verdade, pensei em tanta coisa ao mesmo tempo. Profusão de pensamentos.
Amo suas palavras.
Te amo...e digo isso quantas vezes sentir vontade de dizer.

 

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