Posse
possuo o que me possui
não, não posso
não passo de objeto
de desejo
de beijos
de lampejos de ilusão
não sou dono
mas não abandono o desejo de ser
que posso dizer
do meu querer
sem poder
sem perder o egoísmo
da posse
mas de repente
me percebo objeto
dileto
desperto
num sonho prisão
"Angústia de felicidade", Ana C. diria
eu repito e acrescento o acento de uma felicidade clandestina
íntima satisfação
loucura e desejo
arrependimento e vontade
se possuo, não sei
se sou objeto, talvez
sei que vivo o eterno instante
caminhando entre nuvens
correndo sobre o fogo
dormindo para sonhar de novo.
(Flávio Arruda)
2 Comentários:
Como sempre, muito bom o texto.
Amor não é posse, é companhia.
Pensei na dualidade das situações. Mas nós somos muito mais que duais. Somos mil, ora objeto ou não.
Na verdade, pensei em tanta coisa ao mesmo tempo. Profusão de pensamentos.
Amo suas palavras.
Te amo...e digo isso quantas vezes sentir vontade de dizer.
Postar um comentário
Assinar Postar comentários [Atom]
<< Página inicial