quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

Voltando a escrever

EM PROSA


Há muito de verdade e mentira em poucas palavras.
Confesso: são minhas as palavras que me importam. E são verdadeiras, mas são minhas as mentiras. Explico: minto toda vez que me privo da verdadeira ingratidão da possibilidade minha de falar o que sinto.
Um”  bom dia!” pode ser mentira quando sou apenas conveniente. Digo isso porque dou poucos “bons dias” de verdade, pois sei que as palavras devem ser respeitadas, mas tremo frente à possibilidade de ser grosseiro dentro dessa conveniência dos bons hábitos de civilidade.
Porém, sofro!
Gostaria de poder desejar “bom dia” por amor/amizade/respeito/ sinceridade. Todavia, devo fazê-lo por burra fidalguia.
Sofro com a hipócrita falta de honestidade!
Sou verdadeiramente apaixonado pela linguagem! Amo a mais significativa invenção humana, e digo, sinceramente, isso sobre todas as formas de linguagem, mas, sobretudo, em relação àquela que não domino, a música. Porém, não me queixo. Sei que sou limitado (apesar de todos os esforços humanos de Dupam e Samuel), sou um arritimado.
(queria cantar para meus amores, Grisi!)
Sei, sei! Parece que me lamento. Não! Só divido com o caro leitor a singular realidade desse momento de busca pela humana razão do ser eu.
Honestamente, queria comer os chocolates de Pessoa. Porém, tenho a boba noção do “papel prateado feito de folha de estanho”, e, também, deito tudo para o chão e mesmo “a vida”. Desse modo, aprendo e apreendo um pouco dessa inglória necessidade de convencer Sancho de não acompanhar o cavaleiro bobo e idiota que sou.
Mais uma vez me lamentando. Chega!
Prefiro os dias limpos e sem tarefas de salvar todos. Nunca me salvo. Por isso, pelo menos hoje, danem-se!
Por alguns dias, quero a insensata falta: de responsabilidades, de dores, amores, louvores, ardores e labor, pois hoje quero a tola razão de negar o meu ser protetor. Quero só estar num não lugar, que Marcos me ensinou.
Hoje é dia de não avaliar os erros (tantos) e os acertos (incertos), pois vejo a necessidade de não ser idiota, hipócrita, orgulhoso, áspero, marido, amor, pai, irmão e filho.
Queria ter livremente inveja dos que amo (só amo quem admiro)! Falar para eles da minha sorte de tê-los em tantas horas.
Queria muitas coisas, mas, sobretudo, hoje queria ser lido e inquietar os que me amam, pois sei que sou amado, mas tenho consciência dos que precisam escutar minha humanidade, por vezes escondida.

         Dedico as palavras aos poucos que amor/amigo/irmão/companheiros são a mais pura linguagem dos meus poucos, por hora, dias.

3 Comentários:

Às 4 de maio de 2015 às 07:43 , Anonymous Anônimo disse...

O que acho mais lindo na tua escrita é a metalinguagem entre a vida e o sentido.

Viver na linha entre o querer e o ter, a vontade das diferentes escolhas, mas seriam melhores? Seria mais divertido?

Vai saber se a tua Dulcinéia ou a tal tabacaria não estão à tua janela. Vai saber se aquele pássaro que canta não é teu ritmo a flutuar entre teus sonhos e tijolos.

Vai viver que a tua vida vai se tornando amiga ou tu vais te tornando vida.

 
Às 23 de maio de 2015 às 05:44 , Anonymous Anônimo disse...

E vives com a certeza de que as pessoas que te amam sabem o lugar exato da tua humanidade. E a respeitam. E te respeitam. Quanto a verdade, encontra-se apenas vinculada a questão de conveniência. Preocupe-se em ser. E integrar-se naquilo que junto a própria escolha, te completa.

 
Às 1 de abril de 2023 às 00:26 , Anonymous Anônimo disse...

Pois

 

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