segunda-feira, 9 de agosto de 2010


Pássaro-sonho

Voar alto,
arqueiro de mim mesmo.
Esparso, atiro-me aos céus.
Sobre árvores imensas,

liberdade.

Planar aéreo.
Zarpar do porto eu-menino.

Largar do espaço,
arpões de liberdade.

(armistício com o mundo)

Tratar o céu como parque
e olhar do alto tristezas-formigas-aflição.

De repente lembrar,

parar,

temer,

cair

morto,

turvado

S
O
U

CHUMBO


(Flávio Arruda)

domingo, 8 de agosto de 2010


O AMOR I

A nuca! O segredo está na nuca! Não estou falando de inteligência. Falo daquele cheirinho gostoso que a gente só encontra lá. Aquele cheiro que me faz lembrar da infância, ou de algum sonho, sei lá! Sei que a nunca dela tem um cheiro de pecado-paraíso-sorvete-cerveja-chocolate-suor-abraço-sorriso-pele, que eu não sei se me envenena ou me cura. Sei que me entorpece. Esqueço da dor e prazer de existir e fico aqui só pensando naquele cheiro e me fazendo de Jean-Baptiste Grenouille. Entorpeço meus sentidos com a lembrança e vou dormir. *